Acadêmica: Ana Clara Ferreira Mendes Docentes Orientadores: Dra. Lidia Cristina Villela Ribeiro e Dr. Artur Gomes Dias Lima
A Esquistossomose, conhecida também pelos nomes de “xistose”, “barriga-d’água” ou doença do caramujo é uma endemia parasitária de veiculação hídrica causada pelo Schistosoma mansoni. Este parasito chegou ao Brasil entre os séculos XVI e XVII durante as invasões portuguesas e apresenta um complexo ciclo biológico onde o caramujo (gênero Biomphalaria) é um hospedeiro intermediário e o homem, um hospedeiro definitivo. Apesar de tantos anos decorridos, a doença ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil e no estado da Bahia. Apesar de todos os esforços realizados para o combate da doença, 167 municípios baianos são endêmicos dos 417 existentes, correspondendo a 40% do total segundo informações da Secretaria de saúde do Estado da Bahia em 2020. Este fato causa preocupação e nos leva a refletir sobre maneiras de intervir neste cenário, através da educação.
AGENTE ETIOLÓGICO
OVO
Mede cerca de 150µm de comprimento e 60µm de largura, com formato oval e espículo lateral na parte mais larga.
É a forma encontrada nas fezes.
MIRACÍDIO
Mede cerca de 180×64µm, com formato cilíndrico. Apresenta células epidérmicas onde se implantam os cílios. A extremidade anterior apresenta uma papila apical que pode se amoldar em forma de ventosa.
É a forma que penetra nos tecidos moles do caramujo
CERCÁRIA
Comprimento total de 500µm, com cauda bifurcada. Possui uma ventosa oral e uma ventosa ventral – pela qual se fixa na pele de hospedeiro.
É a forma infectante para o hospedeiro vertebrado.
MACHO ADULTO
Mede cerca de 1cm. Tem corpo dividido em duas porções: anterior (onde estão as ventosas oral e ventral) e a posterior (onde é encontrado o canal ginecóforo). O canal ginecóforo é formado pelas dobras das laterais do corpo que albergam a fêmea para fecundação.
Se desenvolve no hospedeiro vertebrado.
FÊMEA ADULTA
Mede cerca de 1,5cm. Tem cor mais escura que o macho. Na metade anterior encontra-se a ventosa oral e o acetábulo. Mais abaixo está a vulva, depois útero e ovário.
Se desenvolve no hospedeiro vertebrado.
AGENTE ETIOLÓGICO
SCHISTOSOMA HAEMATOBIUM
Agente da esquistossomose vesical (hematúria do Egito). Encontrado em grande parte da África, Oriente Próximo e Médio, e Europa. Os ovos são elipsoides e são eliminados pela urina.
SCHISTOSOMA JAPONICUM
Agente da esquistossomose japônica (moléstia de Katayama). Comum nas regiões da China, Japão, Ilhas Filipinas e sudeste asiático. Ovos subesféricos eliminados pelas fezes.
SCHISTOSOMA MEKONGI
É comum na região do Camboja. É similar ao Schistosoma japonicum, embora seus hospedeiros intermediários sejam diferentes.
SCHISTOSOMA MANSONI
Agente da esquistossomose presente na África, Antilhas e América do Sul. É a espécie de maior prevalência no Brasil.
CICLO BIOLÓGICO
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
EPIDEMIOLOGIA
No mundo
Mais comumente identificada em áreas tropicais, principalmente África e leste do Mediterrâneo.
Nas américas
Atinge principalmente a região do Caribe, Venezuela e Brasil.
No Brasil
Os estados do Nordeste e Sudeste são mais afetados, em especial Pernambuco e Alagoas (4914 e 7023 casos notificados em 2017, respectivamente).
Populações de risco
População que vive em zonas tropicais; contato com ambientes aquáticos contendo focos de transmissão (caramujos); indivíduos que não tem acesso a saneamento básico; faixas etárias mais jovens (> 5 anos e < 20 anos).
SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA NO BRASIL
IMUNOPATOLOGIA
A Esquistossomose apresenta um padrão imunitário muito particular, com elevação dos níveis de linfócitos T. Os macrófagos que destroem o esquistossoma são ativados por linfocinas derivadas de células T. Pode-se verificar uma resposta primária ocorrida no início da doença constituída por IgM e IgA e uma resposta secundária posterior constituída por IgA, IgG e IgM.
DIAGNÓSTICO
Clínico
Sintomatologia pode indicar uma fase da doença (pré-postural, aguda ou crônica). Na anamnese é importante investigar procedência, hábitos de vida e contato do paciente com ambientes possivelmente contaminados
Imunológico ou indireto
Medem a resposta do organismo diante de antígenos do parasito. Pode-se realizar reação intradérmica, reação de fixação do complemento (pouco utilizada), reação da hemaglutinação indireta, radiomunoensaio, reação de imunofluorescência indireta, ELISA, PCR, pesquisa de antígeno circulante por cromatografia de papel.
Parasitológico ou direto
Consistem em encontrar ovos do parasito nas fezes ou tecidos do paciente. Pode-se realizar exame de fezes, raspagem da mucosa retal ou ultrassonografia (diagnostica alterações hepáticas).
Histopatológico
É útil para realizar diagnóstico em situações em que a clínica suscita dúvida. Este exame não deve ser considerado a única forma de diagnóstico, sendo apenas complementar.
TRATAMENTO
OXAMNIQUINA E PRAZIQUANTEL
O tratamento quimioterápico por estas drogas deve ser preconizado para pacientes que apresentam ovos do parasita nas fezes ou na mucosa retal. Oxamniquina é administrada em dose oral única em adultos (15mg/kg) e em crianças é dividida em duas doses diárias (10mg/kg). Praziquantel é administrada em dose oral única em adultos (50mg/kg) e crianças (60mg/kg).
OS MEDICAMENTOS DEVEM SER INGERIDOS COM ALIMENTOS
ATENÇÃO
DEVE-SE ESTUDAR CRITERIOSAMENTE O USO DAS DROGAS EM GESTANTES, INDIVÍDUOS COM ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS, HEPATITE OU DOENÇA CARDÍACA
O TRATAMENTO DEMONSTROU PREVENIR AS FORMAS GRAVES DA DOENÇA E A FAIXA ETÁRIA MAIS FAVORECIDA PELO TRATAMENTO É A DE JOVENS DE ATÉ 20 ANOS
PROFILAXIA
Saneamento Básico
Assegurar o destino apropriado das fezes é de extrema importância para evitar a infecção pelo parasita.
Evitar contato com água contaminada
Evita significativamente a probabilidade de infecção..
Tratamento
O tratamento dos infectados está associado à redução de apresentação das formas hepatoesplênicas da doença.
Combate ao caramujo
introdução de espécies de caramujos resistentes à infecção em meios com caramujos mais suscetíveis resulta em uma prole com menor suscetibilidade.
Uso de cercaricidas
Produtos tópicos que não devem ser utilizados de forma rotineira; apenas em situação de risco real de infecção.